Diferenças entre a Guerra
Química e a Bacteriológica |
Apesar de existirem algumas
semelhanças entre os agentes químicos e os bacteriológicos como armas de guerra, eles
diferem em alguns aspectos importantes. Estas diferenças são relativas (a) toxidez
potencial, (b) rapidez de ação, (c) duração do efeito, (d) especificidade, (e)
controlabilidade e (f) efeitos residuais.
Potencial de Toxidez
Apesar de mais tóxicos do que a maioria dos produtos químicos industriais bastante
conhecidos, os agentes de guerra química são muito menos potentes em ma base de
comparação por peso do que os agentes bacteriológicos. A dose de um agente químicos
necessária para produzir efeitos adversos no homem é medida em miligramas, exceto as
toxinas, as quais podem ser colocadas na escala de microgramas. A escala correspondente de
um agente bacteriológico é medida na escala de picogramas.
Esta diferença reflete o fato de que os agentes bacteriológicos (biológicos), estando
vivos, podem se multiplicar e sua importância é que, peso por peso, pode-se esperar que
as armas bacteriológicas (biológicas) produzam baixas em uma área muito maior do que a
que seria atingida, pelas armas químicas. Sendo organismos vivos, os agentes
bacteriológicos (biológicos) também são muito mais suscetíveis A luz solar,
temperatura e a outros fatores do meio-ambiente do que os agentes químicos. Um agente
bacteriológico (biológico) disseminado em um certo meio-ambiente pode conservar sua
viabilidade (capacidade de viver e se multiplicar) enquanto perde sua virulência
(capacidade de produzir doenças e lesões). |
Rapidez de Ação
Como uma classe, os agentes químicos produzem seus efeitos nocivos no homem, animais e
plantas mais rapidamente do que os agentes bacteriológicos (biológicos). 0 tempo entre a
exposição e os efeitos pode ser de minutos, ou até mesmo de segundos, para os gases
altamente tóxicos ou vapores irritantes. Agentes vesicantes podem precisar de algumas
poucas horas para produzir seus efeitos. A maioria dos agentes empregados contra as
colheitas não apresenta um efeito notável até que se passe alguns dias. Por outro lado,
um agente bacteriológico (biológico) precisa se multiplicar no organismo da vitima antes
que a doença ou lesão seja registrado; este é o familiar "período de incubação
" de uma doença, o tempo decorrido entre a infeção e o aparecimento dos sintomas
da doença. Este período raramente é de um ou dois dias e pode até demorar algumas
semanas ou até mesmo mais tempo. Tanto para os agentes químicos quanto para os
bacteriológicos (biológicos) a velocidade da ação é afetada pela dose (i.e.,
quantidade absorvida pelo organismo), mas este fator secundário não obscurece a
diferença básica entre as duas classes de agentes quanto ao tempo necessário para que
produzam seus efeitos. |
Duração dos efeitos
Os efeitos da maioria. dos agentes químicos que não matam rapidamente não são muito
duradouros, exceto no caso de alguns, agentes, tais como o phosgênio e mostarda, quando
podem continuar por semanas, meses ou até mesmo mais tempo. Por outro lado, os agentes
bacteriológicos (biológicos) que não são rapidamente letais causam doenças que podem
durar dias ou até mesmo semanas e em certas ocasiões envolver longos períodos de
convalescença. Os efeitos de agentes lançados contra plantas e árvores duram semanas ou
meses, e, dependendo do agente e das espécies de vegetação atacada, podem resultar em
sua morte. |
Especifidade
Embora ambas as classes de agentes possam ser empregadas no ataque ao homem, animais ou
plantas, as agentes biológicos individuais, em geral, têm um grau de especificidade
muito maior. A gripe, por exemplo, é essencialmente uma doença humana; a febre aftosa
vitima especialmente os animais de cascos duros; e o sopro do arroz é uma praga limitada
apenas ao arroz. Por outro lado, algumas doenças (como a brucelose e o antrax) ocorrem
tanto no homem como nos animais. Contudo, os agentes químicos são muito menos
específicos: os preparados que atuam sobre os nervos podem afetar mamíferos, aves e
invertebrados (como os insetos, por exemplo). |
Controle
Por controle entende-se a habilidade de se prever a extensão e natureza dos danos que os
agentes químicos e bacteriológicos (biológicos) podem causar. Esta é uma
consideração da maior importância para o emprego destes agentes como arma. Um dos meios
mais prováveis de ataque com agentes químicos ou bacteriológicos (biológicos) é pela
sua descarga na atmosfera, deixando ao vento e as condições atmosféricas a tarefa de
dissemina-los nas áreas atacadas. Assim, o controle só é possível quando
meteorológicas as condições podem ser previstas. Por infectarem organismos vivos,
alguns agentes bacteriológicos (biológicos) podem ser transportados por viajantes, aves
migratórias ou animais, para localidades muito distantes da área originalmente atacada.
A possibilidade desta espécie de disseminação não se aplica aos agentes químicos. Mas
o controle da contaminação motivada por agentes químicos persistentes poderia ser muito
difícil. Se uma grande quantidade destes agentes penetrar no solo, alcançando águas
subterrâneas, ou se contaminar reservatórios, poderá atingir áreas a centenas de
quilômetros da regido do ataque, afetando pessoas situadas a uma distância remota da
zona de operações militares. Embora não conheçamos nenhuma substância comparável,
capaz de ser empregada como um agente de guerra química, a disseminação do DDT sobre o
globo ensina, de forma radical, como os preparados químicos feitos pelo homem podem ser
disseminados. Este inseticida químico é atualmente encontrado no tecido orgânico de
criaturas em todas as partes do mundo, até mesmo em regiões onde nunca foi empregado.
Por exemplo, como resultado de sua transferência através das cadeias alimentares, o DDT
é encontrado até mesmo nos tecidos dos pingüins que vivem na Antártica. |
Efeitos Residuais
Em circunstâncias que favoreçam sua persistência, herbicidas, desfolhantes e talvez
alguns outros agentes químicos, poderiam permanecer ativos por meses, interrompendo o
crescimento ou a subseqüente vida vegetal e até mesmo modificando os padrões da flora
através da seleção. Em conseqüência do uso contínuo, certos agentes químicos
poderiam até influenciar a estrutura do solo. 0 risco de efeitos residuais com alguns
agentes bacteriológicos (biológicos) é potencialmente maior, especialmente porque eles
poderiam levar a doença a se tornar epidêmica, no caso de uma pronta transmissão, de
homem para homem. Os agentes bacteriológicos (biológicos) poderiam encontrar também
alojamento em animais e plantas de uma área, ou serem transportados por indivíduos
infectados por grandes distâncias para novos meios-ambientes. |
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